Como ver a Luz no Vale da Sombra: Uma Jornada de Superação da Depressão

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo (Salmos 23.4).

Certo doutor, recebeu em seu consultório um paciente aflito, e disse: Antes da sessão, você quer uma oração? O paciente aceitou a proposta, e após o momento de oração percebeu que o peso opressor não estava mais sobre si. É importante procurar atendimento médico, mas antes de tudo, proponho orarmos. Existem muitos testemunhos de vitória após a ministração da oração em Nome de Jesus Cristo.

Para auxiliar os seus

Nesta postagem, exploraremos os desafios enfrentados por aqueles que lutam contra a depressão, com foco em estratégias e recursos eficazes para superar essa condição debilitante. Ao invés de se concentrar apenas na escuridão da depressão, abordaremos como é possível encontrar esperança, força e resiliência para emergir desse vale sombrio.

1. Entendendo a depressão

Segundo Hezrom (p.28), “depressão é uma neblina cinzenta que encobre tudo. Só a gente vê. Os outros argumentam ao contrário, apontam o Sol, cores e belezas. Inutilmente. O mundo deles não é o mundo da gente. O mundo da gente está coberto pela neblina triste que sai de um lugar secreto da alma”.

Realmente, a depressão é o mundo do depressivo. Quando esse período termina, é hora do recomeço, como um país em recuperação depois da guerra. Durante a recuperação, descobre-se que a maioria daqueles que estavam conosco, enviavam mensagens diárias, se foi, restando apenas os mais íntimos, que nunca abandonam os seus.

Uma pessoa com depressão não irá ler esse texto. Alguém em condições de ler e entender, o fará, para auxiliar o próximo, aquele que Deus colocou em seu caminho. Se você acha que está com depressão e ainda assim, consegue ler estas linhas, tenho uma boa notícia: isso não é depressão! Não use medicamentos de forma desnecessária. Evite enriquecer a indústria farmacêutica por conta da frustração, do vale que atravessa. Fuja da dependência de medicamentos, que trazem os mais diversos efeitos colaterais sendo danosos ao cérebro.

“A indústria farmacêutica na realidade não quer curar ninguém, e por um motivo bastante simples e direto: a cura é menos rentável do que a doença”, garantiu, mais recentemente, o bioquímico e biólogo molecular inglês Sir Richard J. Roberts, vencedor do prêmio Nobel de medicina (Teixeira). Sabendo isso, lute pela vida natural, com meditações e observação da natureza ao redor, agradecendo ao Criador, crendo que dele vem a cura.

1.1. Sintomas comuns

Como descrito no prefácio do livro de Hezrom, as formas comportamentais e emocionais da depressão são bem conhecidas: tristeza desmotivada, distúrbios do sono, irritabilidade, energia baixa, desânimo, desistência da vida e isolamento. Nesse sentido a depressão é uma forma frágil e ineficaz de dizer não àquilo que nos oprime, porque nos carrega junto para o fundo do poço.

Há pessoas que ainda não entraram nesse poço profundo da depressão, mas estão à beira dele, como a mulher samaritana (João 4.1ss). Para estes, podemos dizer: você está ao lado do poço e Jesus está ao seu lado. Jesus conhece a sua história, com solução para os seus dilemas. Jesus oferece água viva!

1.2. Causas

Segundo Hezrom, o estado depressivo é um estado emocional para o qual não existem métodos precisos de detecção, abarcando um amplo elenco de situações da vida (Rosane L. Granzotto, prefácil). As causas são diversas, estando em debates e sem uma conclusão satisfatória. Por experiência, não existe depressão sem causa, mesmo com aquela exclamação costumeira: mas ele era tão alegre! Respondo com um trecho da música do grupo Logos: a alegria não é o indicador verdadeiro da paz. Há sorridentes bebendo as próprias lágrimas do coração (Letras). A menos que o sofredor tenha um confidente para o ouvir sempre, ninguém conhece o peso carregado pelo seu próximo.

Quando o Senhor Jesus Cristo veio ao mundo como homem, as trevas da angústia cobriam a terra, e a luz enfim, raiou (Isaías 9.1,2; Mateus 4.15,16). Todos os que se arrependiam e se convertiam dos ídolos a Deus, ofereciam sacrifícios pelo pecado. Depois do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, apenas a fé em Jesus Cristo é necessária. Jesus mostrou o problema e trouxe a solução. Mesmo não entendendo a profundeza e a complexidade atravessada por uma alma abatida, sabemos que isso é causado por uma grande carga emocional, um peso insuportável, e apresentamos a solução: o alívio prometido por Jesus, o jugo suave e o fardo leve (Mateus 11.28-30). A busca de explicações aumenta diariamente, mas o objetivo da igreja (você é igreja) é trazer a solução prática, sendo boca de Deus para a humanidade sofrida. Os amigos de Jó não o tiraram do sofrimento, mas atravessaram os momentos sombrios junto ao patriarca, onde ninguém mais estaria (Jó 2.11).

Há duas palavras utilizadas entre os profissionais da saúde para se referir à depressão: exógena — que vem de fora — e endógena — que se forma no interior (Hezrom, p.45). A carga emocional existe certamente. Alguns entram debaixo dessa carga por escolha própria. Outros são vitimados por esse peso, lançados sobre seus ombros pela religiosidade, ou por seus pais, que por sua vez, receberam a mesma carga dos ascendentes. Seja qual for a causa, nos concentraremos na solução.

O que levou o pastor, guerreiro e harpista Davi ao vale? A fuga dos seus inimigos, especialmente Saul e sua comitiva. O guerreiro experiente conhece o momento de lutar e de retroceder. Esconder-se, ou fingir-se morto, não é covardia, e sim, estratégia (conf. Atos 14.19,20). O vale é o afastamento da vida natural cotidiana, mas diante do perigo, a fuga é melhor que a morte.

No vale sentimos saudade de casa, passamos privações e angústias. No Salmo 91, o Senhor promete estar conosco na angústia, trazendo livramento e abundância de dias (vv. 14–16). Jó experimentou a angústia, mas também o livramento e dias fartos concedidos por Deus (Jó 42.10-17). Jamais perca a esperança!

1.3. Impacto na vida cotidiana

Segundo Hezrom, os estados de sofrimento são multifatoriais e constituídos a partir da relação das pessoas com seu entorno social. Os sujeitos se constituem em situação, ou seja, a partir de suas relações sociais e afetivas. Somos seres no mundo, ao mesmo tempo que o afetamos somos afetados por ele. Então, parece lógico pensar que as formas de vida e as transformações sociais, políticas e econômicas produzam efeitos consideráveis na saúde mental de uma população.

A combinação de todos esses fatores gera uma carga emocional de peso insuportável. Muitos se chegam a Jesus Cristo, recebem a herança da vida eterna, mas ainda não entregaram seu fardo ao Mestre (Mateus 11.28). O fardo do passado é tão pesado, ao ponto de minar as forças de quem o carrega, entregando-se, e caindo ao chão. É necessário, nas palavras de Max Lucado, aliviar a bagagem. Há muito peso desnecessário sobre os seus ombros. Quando você vem a Jesus, recebe novos amigos e irmãos, que falam todos uma linguagem, levam as cargas uns dos outros e são participantes dos dons do Espírito Santo. Com estes irmãos, você deve associar-se. Quanto aos que não se arrependeram das obras das trevas e não te respeitam, você deve afastar-se, ou continuará carregando peso. 

2. Sinais de esperança 

Existe esperança para quem atravessa o vale? Sim. Histórias de superação nos trazem exemplos inspiradores e estratégias para o alívio e bem-estar. 

A solução para o transtorno depressivo, não está nos fármacos. Existe um passo-a-passo, um mapa do destino, com melhores resultados.

Talvez seja impossível evitar o vale, sabendo que a vida é feita de altos e baixos, mas é possível passar sem temer o mal, reconhecendo a presença do Senhor em cada estágio. Porque tu estás comigo! (Salmos 23.4).

Jó passou pelo vale. Os dias de alegria, fartura e saúde na vida do patriarca passaram, chegando dias de sofrimento. Mas Deus não o abandonou e a recompensa foi dobrada. Talvez você, caro leitor esteja experimentando algo semelhante, mas lembre-se do que pode trazer esperança. 

Se você sente tristeza, saiba que Jesus também sentiu. Ele disse: a minha alma está amargurada até a morte (Marcos 14.34). Saber que a tristeza não permanecerá para sempre, deve ser nossa motivação para continuar a caminhar. Aprendamos com Jesus, como ele passou pela tristeza e venceu. Essa é a proposta.

Davi, mesmo no vale, reconhecia a presença de Deus. Amigos fiéis estavam com ele durante os momentos de aperto, e seu maior objetivo era defender a vida do salmista de Israel. Seus amigos valentes foram providos por Deus (1 Crônicas 12.1ss). Caso algum deles virasse as costas e o abandonasse, Deus enviaria outro à altura. 

Uma vez que Deus seja amado com todas as nossas forças e entendimento, torna-se o refúgio e fortaleza para os que o buscam, amigo e guarda fiel. Lembre-se que os dias de alegria passaram, mas os dias de tristeza também terminarão e Deus restaurará o teu cântico. Sim, você voltará a sorrir e a cantar!

3. Construindo uma rede de apoio

Se por um lado a depressão é um problema de saúde pública, devendo ser criadas ações políticas voltadas à garantia da prevenção e assistência à saúde mental, por outro lado, nós, cristãos, temos conselhos bíblicos de “uns aos outros”:

Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros (Romanos 12.10).

Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis (1 Tessalonicenses 5.11).

Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo (Gálatas 6.2).

Como é possível levar as cargas uns dos outros? Com a experiência adquirida por meio das tribulações, sobre as quais o apóstolo Paulo escreveu: nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança (Romanos 5.3,4). Quem passou por diversas tribulações e venceu, certamente aprendeu a paciência, única virtude capaz de ampliar nossa visão, resultando em experiência para ajudar e levar a carga do próximo. E essa é a nossa proposta: ajudar você a levar a sua carga, ou dar os parâmetros para que você leve a carga do seu irmão, em seu bairro, casa, local de trabalho ou comunidade cristã.

Estou em Cristo. Nessa comunidade, são todos irmãos? Não. Os falsos irmãos estão aí também, como estiveram no caminho do apóstolo Paulo, querendo colocar as cargas do legalismo e religiosidade vã sobre seus ombros (2 Coríntios 11.26). Assim que identificá-los, você deve afastar-se, buscando discernimento divino, mantendo-se saudável. Observe à sua volta e filtre. Qualquer pessoa que não lhe acrescenta nada, e apenas suga o que você tem, deve ser eliminada dos seus contatos. “Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos” (Mateus 7.6). Decida viver bem.

Uma vez que temos a mente de Cristo, devemos buscar sabedoria e discernimento diariamente para não menosprezar a situação dos nossos irmãos. Não devo acusar o sofredor de fraqueza, mas ser o seu suporte, respeitando o seu tempo de recuperação, diferente para todos.

Uma das formas de suporte rumo à recuperação é o estudo e discussão dos tópicos aqui propostos, podendo ser adaptado ao contexto individual.

3.1. Terapia

A Bíblia é nosso excelente manual de vida. Não desprezamos as terapias desenvolvidas pelos estudiosos, mas apontaremos as soluções bíblicas juntamente, trazendo à luz a eficácia do “está escrito”, antigo, mas atual.

As melhores terapias para enfrentar a depressão podem variar conforme as necessidades e preferências de cada pessoa. No entanto, algumas abordagens terapêuticas têm se mostrado eficazes no tratamento da depressão. Aqui estão algumas delas:

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): é uma abordagem terapêutica amplamente utilizada no tratamento da depressão. Ela se concentra na identificação e modificação de padrões de pensamento negativos e crenças disfuncionais, bem como na adoção de comportamentos saudáveis e habilidades de enfrentamento. Se entendermos que a carga emocional de pensamentos negativos e crenças disfuncionais é padrão do mundo, teremos em vista ser, nas palavras paulinas, “transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

Terapia Interpessoal (TIP): é uma forma de terapia que se concentra nos relacionamentos interpessoais e na resolução de problemas específicos que podem contribuir para a depressão. Ela visa melhorar as habilidades de comunicação, resolver conflitos e fortalecer o suporte social. A comunicação sadia é remédio para as feridas: falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5.19). Quanto a solução de conflitos, deve partir de nós a iniciativa pacífica. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros (Romanos 14.19). Afirmo aos irmãos leitores a certeza da solução apresentada, por ser essa minha prática diária na vida.

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT): Abordagem terapêutica que enfatiza a aceitação de pensamentos e emoções negativas, enquanto encoraja a adoção de valores pessoais e ações voltadas para uma vida significativa. Até os meus ossos sofrem agonia mortal quando os meus adversários zombam de mim, perguntando-me o tempo todo: “Onde está o seu Deus?” (Salmos 42.10). Quando estamos no vale, adversários invisíveis, pensamentos cruéis nos afligem. Não conseguimos calar esses pensamentos e temos consciência disso. É impossível apagar pensamentos como esse, mas, a vitória está em reconhecer que os pensamentos negativos não são nossos e dizer à nossa alma o que o salmista disse em seguida: por que você está assim tão triste, ó, minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus (Salmos 42.11).

Terapia Familiar: essa terapia pode ser benéfica quando a depressão afeta não apenas o indivíduo, mas também os relacionamentos familiares. Ela ajuda a melhorar a comunicação, fortalecer o apoio familiar e resolver problemas familiares que podem contribuir para a depressão. 

Na Bíblia Sagrada, encontramos alguns exemplos que podem ser interpretados como terapia familiar. Um exemplo notável é a história de José e seus irmãos, encontrada no livro de Gênesis, capítulos 37 a 50. Nessa narrativa, vemos como os relacionamentos familiares foram afetados por inveja, ciúme e mágoa, resultando em problemas graves.

No entanto, ao longo da história, vemos um processo de cura e reconciliação que pode ser considerado uma forma de terapia familiar. José foi vendido como escravo por seus irmãos, mas eventualmente tornou-se um líder importante no Egito. Quando uma grande fome atingiu a terra, os irmãos de José foram a ele em busca de ajuda. Após testar sua sinceridade, José revelou sua identidade e perdoou seus irmãos.

Esse episódio demonstra como a terapia familiar pode envolver o perdão, a cura de relacionamentos quebrados e a restauração da unidade familiar. Embora a Bíblia Sagrada não use explicitamente o termo “terapia familiar”, muitos princípios terapêuticos podem ser encontrados nas histórias e ensinamentos contidos nas Escrituras. A ênfase na reconciliação, perdão, amor e cuidado pelos outros é uma base para a terapia familiar.

É importante ressaltar que o tratamento da depressão pode ser um processo individualizado, e é recomendável buscar a orientação de um profissional de saúde mental para determinar a melhor abordagem terapêutica para cada caso específico. E o meu conselho prático é: sempre com a Bíblia Sagrada em mãos!

Grupos de apoio: A melhor ajuda para a alma abatida consiste nas práticas cristãs. Insisto em afirmar “práticas”, pois a teoria, o discurso, não tira ninguém do vale.

Jesus deu sua vida pela igreja e nós devemos dar nossa vida pelos nossos irmãos (1 João 3.16). Nosso Senhor e Salvador deu o exemplo completo para tratar cada pessoa, em cada contexto. O Mestre trouxe o seu mundo celestial aos necessitados, e hoje, cheios do Espírito Santo, somos os portadores desse suporte aos nossos irmãos. É impossível abraçar o mundo com as mãos, então, cada um ajude seu próximo. A sabedoria bíblica ensina que é melhor um vizinho perto, que um irmão longe (Provérbios 27.10). Isso significa que nem sempre você será socorrido por um familiar em outra região, mas por seu vizinho, mais próximo, apesar de não ser irmão de sangue. Mas o certo é que precisamos uns dos outros.

Se houver alguém em sua família com transtorno depressivo, procure o pastor de sua igreja local para aplicar as devidas soluções. A igreja local não deve ser apenas uma comunidade litúrgica, pois a maioria segue essa prática de reuniões robóticas, sem olhar para as necessidades dos irmãos. Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta (1 João 3.18; Tiago 2.26).

Conclusão

Eis aí uma excelente maneira de compartilhar experiências, obter suporte emocional e encontrar recursos para superar a depressão. Você pode procurar em seu bairro um grupo de apoio, para receber ajuda, ou criar um grupo e ser o ajudador.

Essa conclusão não encerra o assunto abordado. Por ser um tema abrangente, desenvolveremos tópicos ao longo de nossa "Trilha de Superação da Depressão".

Referências:

Bíblia Online. https://www.bibliaonline.com.br/acf+nvi

Hezrom, Edomm. Depressão: verdades que o seu psiquiatra não contou. Goiânia: Kelps, 2019. 176p. ISBN: 978-85-400-2797-8

Letras. https://www.letras.mus.br/grupo-logos/675405/

Lucado, Max. Aliviando a Bagagem. Disponível na Amazon. Saiba Mais 

Radar do Futuro. Carlos Plácido Teixeira. https://radardofuturo.com.br/test/para-entender-o-futuro-preste-atencao-aos-interesses-em-jogo/