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Doutrina Unicista - Perguntas Frequentes (FAQ)

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 6.4).


Bem-vindo ao nosso FAQ sobre a Doutrina Unicista!

A busca por entender quem é Deus é uma das questões mais importantes da fé cristã. Aqui, reunimos as perguntas mais comuns para esclarecer essa visão bíblica sobre Deus e Sua manifestação em Jesus Cristo.  

Nosso objetivo é oferecer respostas claras e fundamentadas nas Escrituras, ajudando você a compreender melhor essa doutrina que reafirma o monoteísmo absoluto ensinado na Bíblia.  

Esta página será alimentada periodicamente por respostas às principais questões. Caso tenha outras dúvidas, entre em contato conosco!

Questões gerais

1. O que é a Doutrina Unicista?

A Doutrina Unicista ensina que Deus é absolutamente um, sem distinção de pessoas na Deidade. Todos os títulos divinos, como Pai, Filho e Espírito Santo, referem-se ao único e mesmo Deus, que se revelou de diferentes formas ao longo da história.

2. A Unicidade de Deus é um ensino recente?

Não. O monoteísmo estrito sempre foi a base da fé judaica e cristã primitiva. A doutrina da Trindade foi sistematizada séculos após os apóstolos. Os Unicistas mantêm a crença original de que Deus é um e indivisível.  

3. A Doutrina Unicista tem base bíblica ou é apenas uma interpretação?  

A Doutrina Unicista se fundamenta totalmente na Bíblia. Os principais ensinamentos estão embasados em textos como Deuteronômio 6.4, Isaías 43.10-11, Colossenses 2.9, João 14.9 e muitos outros que afirmam que Deus é um.

4. Como os Unicistas entendem a Grande Comissão em Mateus 28.19?

Quando Jesus ordena o batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, Ele não menciona três pessoas, mas um único nome. Esse nome é Jesus, conforme vemos na prática dos apóstolos, que sempre batizavam em nome de Jesus Cristo (Atos 2.38; 8.16; 10.48; 19.5).

5. Como os Unicistas explicam Atos 20.28, onde se diz que Deus comprou a Igreja com Seu próprio sangue?  

Esse versículo reforça a Unicidade de Deus. O sangue derramado na cruz foi do próprio Deus manifestado em carne, pois Jesus era Deus habitando em um corpo humano.

6. Como podemos entender a relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo na unicidade de Deus?  

Na doutrina unicista, Deus é um único ser que se manifesta de diferentes formas. Ele é o Pai na criação, o Filho na redenção e o Espírito Santo na regeneração e habitação nos crentes. São títulos e manifestações do único e mesmo Deus, não três pessoas separadas.

Sobre Deus

1. Se Deus é um, por que a Bíblia menciona Pai, Filho e Espírito Santo?  

Esses termos representam diferentes manifestações e funções de Deus. O Pai refere-se a Deus como Criador e origem de todas as coisas, o Filho refere-se à encarnação de Deus como Jesus Cristo, e o Espírito Santo é Deus agindo na vida dos crentes. 

2. Como os Unicistas interpretam Deuteronômio 6.4?

“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR”. Esse versículo é a base do monoteísmo absoluto e reforça que Deus não se divide em três pessoas, mas é um só. 

3. Por que Deus disse “Façamos o homem à nossa imagem” em Gênesis 1.26? 

Existem várias explicações possíveis dentro da visão Unicista:  

(a) Deus pode estar falando com os anjos, como sugerem os judeus.  

(b) Pode ser uma forma de pluralidade majestática (uma figura de linguagem para exaltar Sua grandeza).  

(c) Pode ser Deus falando profeticamente sobre Sua futura manifestação como Filho.  

4. O que significa o termo “Elohim” na visão Unicista? 

“Elohim” é um termo plural, mas não indica uma pluralidade de pessoas. No hebraico, pode expressar grandeza ou majestade, o que condiz com a natureza única de Deus.

Sobre Jesus Cristo

1. A Doutrina Unicista nega a divindade de Jesus Cristo? 

Não. Pelo contrário, ensina que Jesus Cristo é a manifestação encarnada do único Deus. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9).

2. O que significa Colossenses 2.9 na visão Unicista? 

O versículo diz: “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Isso significa que Jesus não é apenas uma parte de Deus ou uma pessoa distinta, mas sim a manifestação plena e total de Deus em carne.  

3. Jesus é chamado de Filho de Deus. Isso não significa que Ele é uma pessoa separada do Pai? 

Não. O termo “Filho de Deus” se refere à encarnação de Deus na Terra. O Espírito Santo gerou um corpo humano no ventre de Maria, mas a divindade dentro desse corpo é o próprio Deus eterno.  

4. Se Jesus é Deus, por que Ele orava ao Pai? 

Jesus, como homem, precisava orar para cumprir sua missão e demonstrar um relacionamento com Deus como nosso exemplo. Ele também mostrou a distinção entre sua natureza humana (Filho) e sua natureza divina (Pai), sem que isso implique uma divisão de pessoas.  

5. Como os Unicistas explicam João 1.1 - “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”? 

O “Verbo” (Palavra) era o próprio Deus, Sua expressão ou pensamento eterno. Quando Jesus nasceu, essa Palavra se fez carne (João 1.14), ou seja, Deus se manifestou em um corpo humano.  

6. Se Jesus é Deus, por que Ele disse “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” na cruz?  

Essa frase (Mateus 27.46) expressa a dor e sofrimento humano de Cristo, cumprindo a profecia do Salmo 22. Ele não deixou de ser Deus, mas em sua humanidade experimentou a angústia do pecado do mundo sendo colocado sobre Ele.  

7. O que significa Emanuel? 

Emanuel significa “Deus conosco” (Mateus 1.23). Esse nome confirma que Jesus não é um ser separado do Pai, mas a própria manifestação de Deus habitando entre os homens. 

8. Jesus existia no Antigo Testamento?

Sim. No propósito de Deus e na encarnação do Verbo, conhecemos Jesus como o Cordeiro de Deus. No Antigo Testamento, Jesus é o próprio Deus Javé de Israel. “Eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador” (Isaías 43.11).

Sobre o Espírito Santo

1. O que a doutrina unicista ensina sobre o Espírito Santo?  

A doutrina unicista ensina que o Espírito Santo não é uma pessoa distinta dentro da divindade, mas sim a manifestação do único Deus. Deus se revela como Pai na criação, como Filho na redenção e como Espírito Santo habitando nos crentes.  

2. O Espírito Santo é uma pessoa separada de Deus Pai e de Jesus Cristo?  

Não. A Bíblia mostra que o Espírito Santo é o próprio Deus em ação. Ele é chamado de Espírito de Deus, Espírito do Pai, Espírito de Cristo e Espírito de Jesus. Isso demonstra que Ele não é uma pessoa separada, mas sim a presença viva de Deus entre nós.  

3. Como a Bíblia comprova que o Espírito Santo é o próprio Deus?  

A Bíblia apresenta várias passagens que identificam o Espírito Santo como o próprio Deus. Por exemplo:  

(a) Hebreus 3.7-9: O Espírito Santo afirma ter sido tentado pelos hebreus no deserto, algo atribuído a Jeová no Salmo 95.7-11.  

(b) Atos 16.6-7: O Espírito Santo é chamado de Espírito de Jesus.  

(c) João 14.18: Jesus promete voltar para os discípulos como o Consolador.  

4. O que significa João 14.16, onde Jesus diz que o Pai enviará “outro Consolador”?  

A palavra grega usada para “outro” em João 14.16 é allos, que significa “outro da mesma espécie”. Isso indica que o Consolador prometido seria o próprio Jesus em outra forma – agora em Espírito e não mais em carne. Se fosse uma pessoa distinta, Jesus teria usado heteros, que significa “outro de natureza diferente”. 

5. Se Jesus é o Espírito Santo, por que Ele disse que rogaria ao Pai para enviar o Consolador?  

Jesus, em sua manifestação como homem, orava ao Pai para ensinar aos discípulos e mostrar seu papel como Mediador. No entanto, em João 14.18, Ele esclarece: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”. Isso significa que Ele mesmo viria em Espírito para habitar nos crentes.   O conceito de vir e de ir de Deus não se refere à sua movimentação de um local para outro, mas à sua manifestação de algum modo especial.

6. O Espírito Santo é uma terceira pessoa de Deus?

Não. O Espírito Santo é o próprio Deus em ação, operando no mundo e na vida dos crentes. Deus é Espírito (João 4.24), e Santo por natureza, então “Espírito Santo” é apenas uma descrição da essência de Deus.  

7. O Espírito Santo existia antes da vinda de Jesus?  

Sim. Deus sempre existiu como Espírito. No Antigo Testamento, o Espírito Santo é chamado de Espírito de Deus ou Espírito de Jeová. No Novo Testamento, Ele se manifesta plenamente em Jesus Cristo e depois habita nos crentes como o Espírito de Cristo.  

8. Se o Espírito Santo é Deus, por que Jesus diz que Ele será enviado pelo Pai?  

A expressão “enviado pelo Pai” significa que Deus estaria atuando de forma diferente na nova aliança. Jesus mesmo afirma que Ele enviaria o Espírito (João 15.26 e 16.7), demonstrando que o Espírito Santo é a manifestação do próprio Jesus em forma espiritual.  Jesus esclareceu que estava recorrendo a parábolas, ou seja, utilizando linguagem humana para lançar luz sobre coisas espirituais (João 16.25). Seus discípulos compreenderam a revelação gradualmente (Mateus 28.20). 

9. Como podemos experimentar a presença do Espírito Santo em nossas vidas?  

A presença do Espírito Santo é experimentada quando recebemos a habitação de Deus em nós. Isso acontece através do arrependimento, do batismo em nome de Jesus Cristo e do recebimento do Espírito Santo, conforme Atos 2.38.  

10. O Espírito Santo pode ser chamado de terceira pessoa da Trindade?  

Não. A doutrina unicista rejeita a ideia da Trindade, pois a Bíblia nunca menciona três pessoas distintas em Deus. O Espírito Santo é Deus em ação, não uma pessoa separada do Pai e do Filho.

Passagens bíblicas

O Ancião de dias e o Filho do Homem: Daniel viu Pessoas distintas?

A passagem de Daniel 7.9-10, 13-14 apresenta uma visão profética de Daniel, onde ele vê “um ancião de dias” assentado em um trono e “um como o Filho do Homem” vindo até Ele. À primeira vista, alguns podem interpretar isso como uma separação de pessoas na Divindade. No entanto, essa passagem deve ser compreendida à luz da linguagem profética e simbólica da visão.  

O Ancião de Dias e o Filho do Homem  

(a) Ancião de Dias (Daniel 7.9) representa a eternidade e soberania de Deus. Esse título descreve Deus na Sua majestade e eternidade, enfatizando que Ele reina desde a antiguidade.  

(b) Filho do Homem (Daniel 7.13) é uma referência à manifestação de Deus na carne em Jesus Cristo. Esse título é frequentemente usado nos Evangelhos para se referir a Cristo em sua missão redentora.  

Na visão, Daniel vê duas representações distintas de Deus, mas isso não indica duas pessoas separadas na Divindade. Em vez disso, é uma maneira simbólica de mostrar Deus na Sua eternidade (Ancião de Dias) e Deus manifestado em carne (Filho do Homem), cumprindo Seu plano de redenção.  

A Linguagem Profética e a Unicidade de Deus  

As visões proféticas frequentemente usam representações simbólicas para ilustrar eventos futuros. No caso de Daniel 7, a visão antecipa a entronização de Cristo como Rei e Juiz sobre todas as nações.  

Jesus não é uma pessoa separada do Pai, mas a manifestação do próprio Deus em forma humana. Ele pode ser retratado em diferentes papéis dentro da profecia, mas sempre continua sendo o mesmo Deus único.  

Confirmado pelo Novo Testamento  

O cumprimento dessa profecia pode ser visto em Apocalipse 1.8, 17-18, onde Jesus é chamado de Alfa e Ômega, o Primeiro e o Último, o mesmo título atribuído a Deus no Antigo Testamento. Isso prova que o “Ancião de Dias” e o “Filho do Homem” são a mesma Pessoa Divina, Jesus Cristo, conforme Apocalipse 1.14.  

Concluímos, então, que Daniel 7 não ensina uma pluralidade na Divindade, mas sim a soberania eterna de Deus e sua futura manifestação em carne como o Messias. Essa visão é uma ilustração profética do Deus único que se revelou progressivamente à humanidade, culminando em Jesus Cristo, que recebeu “domínio, e honra, e um reino eterno” (Daniel 7.14). 

“Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” (Colossenses 2.9). 

A Blasfêmia contra o Espírito Santo

É verdade que, aquele que blasfemar contra o Pai e contra o Filho, será perdoado, e quem blasfemar contra o Espírito Santo, não terá perdão?

Esta afirmação, muitas vezes, é usada para sugerir que o Espírito Santo é uma terceira pessoa divina distinta. Analisemos o texto.

Jesus declarou: “Por isso vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens. E, se alguém disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século, nem no futuro.” (Mateus 12.31-32).  

É possível ver a Trindade neste texto? Para interpretá-lo corretamente, precisamos entender o contexto.  

Esse episódio ocorre logo após Jesus realizar milagres pelo poder do Espírito de Deus. 

Os fariseus, em vez de reconhecerem a ação divina, dizem: “Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.” (Mateus 12.24). 

Essa afirmação é gravíssima porque atribui ao diabo a obra do Espírito de Deus. O evangelho de Marcos esclarece isso ao registrar a explicação de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo: “Porque diziam: tem espírito imundo.” (Marcos 3.30). Ou seja, a blasfêmia contra o Espírito Santo é a rejeição deliberada e final da obra de Deus, atribuindo-a a Satanás.  

Por que falar contra o Filho do Homem pode ser perdoado, mas blasfemar contra o Espírito Santo não? Jesus faz uma distinção entre blasfemar contra o Filho do Homem e blasfemar contra o Espírito Santo. Para entender isso, precisamos considerar dois aspectos importantes:  

(1) A Dupla Natureza de Cristo. Quando Jesus fala sobre o Filho do Homem, Ele está enfatizando Sua humanidade. Durante Seu ministério terreno, muitos tiveram dúvidas sobre Ele, questionaram Sua identidade e até mesmo O rejeitaram. Isso era um pecado grave, mas poderia ser perdoado, porque muitos se arrependiam posteriormente ao reconhecerem que Ele era o Messias.  

(2) O Espírito Santo de Deus. A blasfêmia contra o Espírito Santo, no entanto, não era apenas rejeitar Jesus em Sua humanidade, mas rejeitar e caluniar diretamente o Deus verdadeiro.  

Jesus, enquanto homem, poderia ser visto erroneamente por muitos como apenas um profeta ou um mestre. Mas quando as pessoas viam a manifestação clara do Espírito Santo e, ainda assim, a atribuíam ao diabo, isso demonstrava uma rejeição consciente e definitiva de Deus.  

A blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado imperdoável porque indica um coração endurecido que resiste ao arrependimento. Se uma pessoa blasfema contra Jesus (o Filho do Homem), mas mais tarde reconhece sua identidade e se arrepende, pode ser perdoada. Mas se uma pessoa rejeita deliberadamente a ação do Espírito de Deus e a atribui ao diabo, isso mostra um coração tão endurecido que nunca buscará o perdão.  

Isso se encaixa no ensino bíblico de que há um limite para a rebeldia humana: “O meu Espírito não contenderá para sempre com o homem” (Gênesis 6.3).  

Aqueles que persistentemente rejeitam a obra de Deus e a tratam como satânica colocam-se em um estado de condenação final.  

Portanto, esse texto não apoia a doutrina da Trindade, mas confirma que Deus é um só, e Seu Espírito Santo é a manifestação suprema do Seu poder e presença entre nós. 

O testemunho de duas pessoas é verdadeiro

João 8.17-18 segue a coerência bíblica da unicidade de Deus, sem dividir a divindade em pessoas distintas.

a. O argumento do testemunho de duas pessoas. O versículo citado diz: “E na vossa lei está também escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro” (João 8.17).  

Jesus está fazendo referência à Lei mosaica (Deuteronômio 17.6; 19.15), que exigia pelo menos duas testemunhas para validar um testemunho. No versículo seguinte, Jesus declara: “Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou” (João 8.18).  

O erro do argumento trinitário está em interpretar esse texto como uma prova de que Jesus e o Pai são duas pessoas divinas distintas. No entanto, Jesus não está afirmando que Ele e o Pai são seres separados, mas usando a linguagem da lei para demonstrar a validade de Sua identidade.  

b. Jesus subordinado a outro Deus? Se alguém insiste que Jesus e o Pai são duas pessoas divinas separadas, então entra no problema do subordinacionismo ou do diteísmo (dois deuses), pois o Filho, sendo enviado pelo Pai, implicaria uma hierarquia entre divindades.  

No entanto, Jesus, em Sua humanidade, pode ser distinguido do Pai sem que isso signifique uma distinção de “Pessoas” divinas. O próprio contexto bíblico esclarece que Jesus é Deus manifestado na carne (1 Timóteo 3.16). A distinção entre Pai e Filho é funcional e relacional, e não ontológica.  

Jesus estava falando como verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Como homem, Ele se sujeitou às regras humanas e à Lei. Como Deus, Ele era o próprio Pai habitando no Filho (João 14.10-11).  

Portanto, as duas testemunhas são:  1. A humanidade de Jesus, que testificava em palavras e obras. 2. O Pai, o Espírito eterno dentro d’Ele, que confirmava Suas palavras e obras por meio de milagres e sinais.  

Não há duas “pessoas divinas”, mas a manifestação de Deus como Pai (invisível, Espírito) e como Filho (Deus revelado na carne). 

A oração sacerdotal de Jesus

A passagem de João 17.5 diz: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”.  

Este versículo parece indicar que Jesus já possuía uma glória ao lado do Pai antes da criação do mundo. Como entender isso à luz da doutrina Unicista, considerando especialmente o grego bíblico?  

a. O Contexto da Oração de Jesus. João 17 é a oração sacerdotal de Jesus, onde Ele intercede pelos discípulos e por aqueles que creriam n'Ele. A chave para interpretar João 17.5 corretamente é entender:  

(1) Jesus ora como homem – Ele fala como o Filho, ou seja, como a manifestação humana de Deus, limitada no tempo e espaço.  

(2) O verbo “glorifica-me” está no modo imperativo – Jesus está pedindo para ser glorificado, o que significa que essa glória ainda não estava manifesta na Sua humanidade (cf. João 7.39).  

b. O Sentido do Verbo “tinha” (ἔχω – Echō) no grego. A frase “a glória que tinha contigo” contém o verbo grego ἔχω (echō, “ter”), que está no tempo imperfeito, indicando uma ação contínua no passado. O verbo pode expressar algo determinado no propósito de Deus. Esse uso é comum nas Escrituras, onde algo pode existir no plano divino antes de se manifestar no tempo.  

Exemplo: 2 Timóteo 1.9 – Nos deu a graça em Cristo Jesus antes dos tempos eternos. A graça existia antes do tempo? Sim, mas no propósito de Deus, não como uma entidade separada.

Portanto, a glória mencionada em João 17.5 não significa que Jesus existia como uma segunda pessoa distinta, mas que Ele já era glorificado no plano divino antes da criação.  

c. A Palavra “contigo”. A frase παρὰ σοί (pará soí, “junto de ti”) pode ter vários significados no grego. No contexto joanino, muitas vezes significa “na tua presença” ou “em teu propósito”.  

O texto em foco não exige que Jesus estivesse fisicamente ao lado do Pai antes da criação, mas sim que Sua glória estava presente no plano eterno de Deus.  

Exemplo: Efésios 1.4 – Nos escolheu nele antes da fundação do mundo. Isso significa que literalmente já existíamos antes da criação? Não, mas Deus já nos conhecia e nos havia determinado em Seu propósito.  

Assim, a glória de Jesus já estava designada no plano divino, mas só foi manifesta na encarnação e consumada na ressurreição.  

João 17.5 pode ser parafraseado da seguinte forma: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha em teu propósito antes que o mundo existisse”.

d. O Princípio da “Glória Profética”. O que Deus determina já é considerado existente, mesmo antes de se manifestar. Isso é chamado de princípio da glória profética. Conforme Romanos 4.17, Deus chama as coisas que não são como se já fossem.  

Em João 8.58, Jesus disse: Antes que Abraão existisse, EU SOU.  Jesus não disse “eu era”, mas “EU SOU”, indicando Sua identidade como o próprio Deus manifestado.  

Portanto, Jesus tinha essa glória porque Ele era o Cordeiro de Deus já determinado desde antes da fundação do mundo (1 Pedro 1.20).  

Concluímos que João 17.5 não ensina a preexistência de um Filho distinto do Pai, mas que Jesus, falando como homem, pedia a glorificação já determinada no propósito eterno de Deus. A glória que Ele “tinha” existia no plano divino antes da criação, não como uma existência separada. O verbo “ter” no grego pode indicar posse no desígnio de Deus, e “contigo” refere-se a esse propósito divino. Após a ressurreição, Jesus recebeu essa glória plenamente (Mateus 28.18), cumprindo o plano revelado. No propósito de Deus e na encarnação do Verbo, conhecemos Jesus como o Cordeiro de Deus. No Antigo Testamento, este mesmo Jesus é o Deus Javé de Israel. “Eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador” (Isaías 43.11).

A visão de Estêvão: Deus e Jesus separados?

Atos 7.55-56 narra a visão que Estêvão teve momentos antes de ser apedrejado:  

“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus. E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do Homem, que está à direita de Deus” (Atos 7.55-56).  

À primeira vista, essa passagem pode parecer indicar uma distinção entre Deus e Jesus como duas pessoas separadas. Mas devemos considerar o contexto.

O Significado de “À Direita de Deus” 

A expressão “à direita de Deus” não deve ser entendida literalmente, como se Jesus estivesse fisicamente sentado ao lado de outro ser divino. Na Bíblia, a "direita de Deus" simboliza poder e autoridade.  “A tua destra, ó Senhor, se tem glorificado em poder” (Êxodo 15.6).

Assim, quando Estêvão vê Jesus à direita de Deus, ele não está vendo duas pessoas divinas distintas, mas sim uma visão glorificada de Cristo, demonstrando que Ele possui toda autoridade e poder.  

O Contexto da Visão de Estêvão  

Estevão viu a glória de Deus. No Antigo Testamento, ninguém podia ver a Deus diretamente (Êxodo 33.20), mas João 1.14 diz que a glória de Deus foi revelada em Jesus.  

Ele viu Jesus glorificado.  Isso cumpre Daniel 7.13-14 e Filipenses 2.9-11, que mostram Jesus recebendo todo o domínio e exaltação.  

Portanto, Estêvão não viu duas pessoas divinas, mas sim a manifestação gloriosa do próprio Deus em Cristo.  

Paulo afirma em Colossenses 2.9: “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.  Em João 14.9 Jesus disse: “Quem me vê, vê o Pai”.  

Se Jesus estivesse separado do Pai como outra pessoa, então Estêvão teria visto duas figuras divinas separadas, mas o texto não diz isso. Ele viu apenas Jesus na glória, pois Deus só pode ser visto através de Cristo (João 1.18).

Em suma, a visão de Estêvão não ensina uma divisão na divindade, mas confirma que Jesus é a manifestação visível do Deus único. Quando Estêvão viu Jesus “à direita de Deus”, ele viu a exaltação e autoridade total de Cristo, cumprindo a profecia de que Deus se manifestaria plenamente no Filho (Isaías 9.6). 

“E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Colossenses 1.17-18).

A cena do Cordeiro tomando o livro

“E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos” […] “E veio e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono” (Apocalipse 5.1,7).  

À primeira vista, essa passagem pode sugerir uma distinção entre duas pessoas divinas: "aquele que estava assentado no trono" e "o Cordeiro que tomou o livro". No entanto,  essa cena deve ser interpretada considerando a natureza única de Deus e Sua manifestação em Cristo.  

Deus é Um e Está no Trono 

A visão de João em Apocalipse é altamente simbólica e deve ser interpretada em harmonia com a revelação bíblica em seu contexto.  

A Bíblia ensina claramente que só há um trono no céu e um que está assentado nele (Apocalipse 4.2).  

O próprio João identifica esse ser como o Senhor Todo-Poderoso (Apocalipse 4.8), o qual é o único Deus.  

O Cordeiro é a Manifestação de Deus em Redenção 

Jesus, como Cordeiro, representa a manifestação redentora de Deus na história. João Batista disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” (João 1.29). Isaías profetizou: “Como cordeiro foi levado ao matadouro…” (Isaías 53.7).  

O Cordeiro em Apocalipse não é uma segunda pessoa da Trindade, mas sim a forma humana do único Deus, pela qual Ele executa o plano da redenção.  

O Significado de “Tomar o Livro”  

O ato do Cordeiro tomar o livro da mão direita daquele que está no trono deve ser entendido dentro da dupla natureza de Cristo:  

a. Como Deus, Ele está no trono – Cristo na Sua divindade é o único Deus.  

b. Como Cordeiro, Ele toma o livro – Cristo na Sua humanidade assume a responsabilidade da redenção.  

O livro selado com sete selos representa o plano de Deus para julgar e redimir a criação. Nenhum ser criado era digno de abri-lo (Apocalipse 5.3), mas Jesus, por ter vencido (Apocalipse 5.5), podia tomar o livro e abrir os selos. Isso mostra que a redenção foi conquistada por Deus em Cristo.  

A cena do Cordeiro tomando o livro não representa duas pessoas distintas na Divindade, mas a transição entre as funções divinas de Deus na redenção.  

Como Deus, Ele tem o plano – Ele está no trono. Como Homem, Ele cumpre o plano – Ele é o Cordeiro. Isso é coerente com Colossenses 2.9 “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. 

Conclui-se que a visão de Apocalipse 5 não retrata duas pessoas distintas em Deus, mas sim a autoexpressão do Deus único na redenção.  

Deus na sua soberania detém o plano (no trono). Deus manifestado em carne executa o plano (o Cordeiro).

Essa passagem confirma a Unicidade de Deus, onde Jesus Cristo é tanto o Deus Todo-Poderoso quanto o Cordeiro que redime Seu povo. 

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Apocalipse 1.8).

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