Você é a Sagrada Habitação de Deus? Aprenda a Purificar-se Física e Espiritualmente

 

Imagem da pomba ao fundo by Miriam por Pixabay

Comentários no livro de Rebecca Brown — Prepare-se para a guerra — Capítulo 9: Demônios em Cristãos.

Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus (2 Coríntios 7).

Introdução

O assunto da presença de demônios em cristãos é controverso e polêmico. Muitos não acreditam ser isso possível, mas além de ser algo mais comum, deve ser tratado com cautela. 

Inicialmente, Rebecca acreditava que cristãos não podiam ter demônios, até ser chamada por Deus para o ministério, onde buscou esclarecimento nas Escrituras e oração. Todas as nossas dúvidas devem ser levadas a Deus em oração, e o nosso Senhor nos dará o discernimento.

1. Ausência de declarações claras nas Escrituras

Rebecca gostaria que o Senhor tivesse feito uma declaração clara nas

Escrituras sobre esse tema tão delicado. Mas a Bíblia não afirma explicitamente se cristãos podem ou não abrigar demônios. Para explorar esse tema, precisamos analisar textos pertinentes. E é o que faremos.

Principais Argumentos e Refutações

1.1. Argumento: “Que comunhão há entre luz e trevas?” (2 Coríntios 6.14-18)

Este é um dos principais argumentos usados contra os cristãos terem demônios. Proponho lermos a passagem no seu contexto:

Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente? Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: “Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”. Portanto, “saiam do meio deles e separem-se”, diz o Senhor. “Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei” “e serei o seu Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas”, diz o Senhor todo-poderoso (2 Coríntios 6.14-18).

Refutação: Esse texto não prova que cristãos não podem ter demônios. Esta exortação foi dirigida aos cristãos em Corinto. Obviamente alguns deles já estavam sob um jugo desigual. Paulo persuade os crentes a se purificarem, sugerindo a possibilidade de contaminação. 

1.2. Argumento: “O Maligno não lhe toca” (1 João 5.18)

Muitos cristãos também citam textos como:

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca.” (1 João 5.18).

Refutação: Há um equilíbrio nas Escrituras, devendo ser vistas como um todo. Este trecho deve ser equilibrado como passagens tais como:

“Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”. (1 João 1.8).  “Meus filhinhos, escrevo a vocês estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. (1 João 2.1).

A condição normal de um cristão verdadeiramente nascido de novo deveria ser que ele não pecasse. Mas a dura verdade é que enquanto permanecermos nestes corpos teremos uma luta com a nossa natureza pecaminosa. Essa luta é enfatizada por Paulo em 1 Coríntios 9.27: “Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.

1.3 Argumento: Um cristão não pode ser habitado por um demônio porque ele é o templo do Espírito Santo e ambos não podem estar na mesma casa ao mesmo tempo. 

Refutação: Deus é Espírito onipresente. Eis o que diz Salomão: “Mas será possível que Deus habite na terra? Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. Muito menos este templo que construí!” (1 Reis 8.27). Sendo este o caso, como podem os demônios habitar em qualquer lugar, se ambos não podem estar no mesmo lugar ao mesmo tempo? 

Entenda que Deus tem o poder para estar em todos os lugares simultaneamente, mas Ele está perto de todos os que o invocam, de todos os que o invocam com sinceridade (Salmo 145.18).

2.  A proteção espiritual e as brechas do pecado

Os cristãos geralmente têm uma proteção espiritual, de forma que os demônios não podem entrar.

O patriarca Jó esteve cercado pela proteção de Deus. Era um homem íntegro, temente a Deus e se desviava do mal. Jó não rompeu o muro com o pecado, mas sua proteção foi retirada parcialmente durante um tempo de provação, causando a perda dos filhos, bens materiais e saúde. Depois da prova, o patriarca teve restituição dobrada. Se o justo pode passar por provações severas, o que podemos dizer de quem pratica o pecado premeditadamente?

A proteção espiritual pode ser rompida pelo pecado, criando “brechas” no muro de defesa. “Quem abre uma cova, nela cairá, e quem rompe um muro, mordê-lo-á uma cobra.”(Eclesiastes 10.8).

Esta passagem mostra claramente que o cristão pode abrir um buraco no muro de proteção. Ele pode fazê-lo através do pecado, e, ao fazer isso, “será mordido por uma serpente”. Quem é a serpente?

3. Portas de Entrada para Demônios

Jesus se refere a demônios como “serpentes e escorpiões” (Lucas 10.19). Para pisarmos sobre todo o poder do maligno e não sofrer dano, precisamos da proteção de Deus. O Senhor Jesus garante-nos essa autoridade, mas nós não devemos romper o muro, vivendo no pecado. Dentre os vários tipos de pecado, exemplificamos a fornicação, um pecado sexual que abre um rombo no muro de defesa.

Mesmo com os meios de prevenção física, os Demônios são uma “doença venérea” muito mais devastadora do que o herpes ou a AIDS! Eles são passados de uma pessoa a outra durante a relação sexual ilícita. A prevenção contra o pecado é a obediência à Palavra de Deus. 

Observe que o meio mais eficaz de recrutamento entre os satanistas é por meio de encontros para relações sexuais. É por isto que todos os templos pagãos hoje, e ao longo da história, têm tido prostitutas no templo. Os demônios colocados na pessoa (que de nada suspeita), através da relação com um satanista, influenciam aquela pessoa com vistas ao Satanismo. Preservar-se destas coisas não é uma “regra ultrapassada”, e sim, estar na proteção divina, sem romper o muro. 

Os cristãos são aconselhados a fugir da impureza, das práticas imorais e glorificar a Deus no corpo (1 Coríntios 6.18,20).

4. A Pureza do Templo

Os cristãos sejam templos do Espírito Santo, e a Bíblia ensina a necessidade de purificação contínua:

“Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2 Coríntios 7.1). Isto foi dirigido aos cristãos. Você pode pensar de uma melhor descrição de demônios do que “imundícia”? Jesus nos limpa de nossos pecados e assim nos tornamos herdeiros juntamente com Ele. Mas temos de usar o poder e a autoridade que agora temos por Jesus Cristo para nos purificar “de toda a imundícia… do espírito” (i.e. dos demônios). 

Demônios são invasores, e além da autoridade para purificar-se, o cristão deve usar essa mesma autoridade de Cristo para expulsá-los.

Após aceitarmos a Cristo, os demônios não possuem mais o direito de permanecer em nós a menos que demos a eles direito legal através do pecado e/ou da ignorância.

5. Exemplos de Experiência Pessoal

5.1 O caso Elaine: libertação total

Elaine havia dado aos demônios direito legal para entrarem nela. Assim, cabia a ela usar o poder e a autoridade tornados disponíveis a ela ao aceitar Jesus Cristo como seu Senhor e Mestre, para retomar aquele direito e mandá-los embora. Rebecca foi orientada pelo Senhor para auxiliá-la nessa guerra espiritual.

5.2 O perdão antecede a libertação

Rebecca nunca recebeu uma ordem do Senhor para expelir um demônio de alguém que ainda não era crente porque certamente não o estaria beneficiando. Isto porque os demônios teriam livre acesso para retornar com muito mais demônios e a pessoa ficaria pior depois do que estava de início. Os únicos casos da expulsão de demônios em pessoas não cristãs foi em pequenas crianças. Elas são um caso especial, por não terem ainda a idade de responsabilidade aos olhos de Deus.

E quanto ao homem gadareno, do qual Jesus expulsou os demônios? Ele não era cristão, mas tornou-se crente, desejando seguir Jesus após a libertação (Lucas 8.38,39). Haverá vezes em que um cristão será dirigido pelo Senhor a expulsar demônios de um não-crente. Mas isso não é uma ocorrência normal. Será necessário conduzir logo a pessoa ao Senhor, para não ficar num estado pior do que o primeiro (Lucas 11.24-26). Isso também se aplica ao crente, quando se desvia da presença do Senhor (2 Pedro 2.20).

5.3 Caso Chris: o segundo estado pior que o primeiro

Rebecca relata-nos o caso triste da Chris, envolvida com o ocultismo. Ela buscou libertação, mas, por não firmar um verdadeiro compromisso com Cristo, acabou piorando.

“Ou, como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele''. (Mateus 12.29).

“Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso. Como não o encontra, diz: 'Voltarei para a casa de onde saí'. Chegando, encontra a casa desocupada, varrida e em ordem. Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim acontecerá a esta geração perversa” (Mateus 12.43-45).

Após anos de luta, Chris não mais foi vista. No último contato com Rebecca, ela falava em suicídio. Restaram as frequentes orações sua salvação.

Este caso enfatiza a importância de conhecer a condição espiritual da pessoa antes de expulsar demônios, pois demônios podem retornar se a pessoa não estiver verdadeiramente convertida.

Antes de iniciar o processo de libertação, algumas perguntas cruciais devem ser feitas:

• Você quer o verdadeiro Senhor Jesus Cristo?
• Você aceita o perdão de pecados que apenas Jesus pode oferecer?

“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação” (Romanos 10.9,10).

Mediante a confissão, ore pelo novo convertido. Esteja preparado, em jejum e oração. Toda vez que um pecador se converte a Jesus Cristo, a luz resplandece nas trevas, e o inimigo perde terreno. Muitas vezes, Deus te dará o discernimento para auxiliar a nova criatura na quebra de pactos, objetos e ídolos!

5.2 Experiência no retiro espiritual

Há muitos anos, eu, Samuel, estive em um retiro espiritual, onde o ministro convidado foi o pastor Firmino. Ele trouxe este ensino bíblico, seguido por uma oração com inteira submissão a Deus, em Nome de Jesus Cristo. Naquele momento, muitos adolescentes e jovens, frequentadores assíduos da igreja, caíram endemoninhados. O motivo? Estavam na igreja, mas não haviam sido purificados de seus envolvimentos com o pecado. Naquela noite, houve grande libertação, conforme o conselho prático do pastor João: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça (1 João 1.9).

6. Os cristãos e o pecado ativo

Quando um cristão volta à prática do pecado, fica em cativeiro espiritual. E você, ao lidar com demônios habitando cristãos, está em uma posição muito mais forte para ordenar-lhes que saiam porque eles agora são invasores em “terreno santo”. Eles não têm direito de permanecer em um cristão a menos que a pessoa esteja engajada ativamente em pecado.

6.1 Obstáculo do orgulho: mente cauterizada

O orgulho é uma barreira comum para os cristãos admitirem que possam estar sob influência demoníaca. Devemos examinar-nos diariamente (1 Coríntios 11.31) e pedir para o Senhor Jesus sondar nosso coração (Salmo 139.23,24). Infelizmente, muitos caminham até o fim de suas vidas com essa cauterização da mente, permanecendo debaixo de juízo, sem usufruir a vida abundante.

Lembre-se, as Escrituras claramente afirmam que PODEMOS permitir que o templo de Deus, ou seja, nós, seja profanado e manchado. Se permitirmos tal profanação ou pecado em nossa vida, como podemos pensar que Deus nos protegeria da presença de demônios? 

6.2 Exortação de Paulo: Purifique o templo

O cristão deve lembrar que é templo do Espírito Santo e deve manter-se puro para evitar contaminação e profanação. Receba com seriedade a exortação de Paulo em 1 Coríntios:

“Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado.” (1 Coríntios 3.16-17).

Conclusão

A presença de demônios em cristãos é um tema complexo, exigindo discernimento espiritual profundo e um entendimento sólido das Escrituras. Mais do que nunca, os cristãos são chamados a buscar pureza, manter vigilância espiritual e viver uma vida de comunhão com Deus. Nesse processo, a autoridade de Cristo é essencial, capacitando cada crente a proteger o “templo de Deus” — o próprio corpo e espírito — contra qualquer influência demoníaca. Assim, através da oração, do conhecimento bíblico e da prática constante de uma fé autêntica, é possível resistir ao mal e permanecer firme na liberdade oferecida por Cristo.

Referências

Brown, Rebecca. Prepare-Se Para a Guerra. Rebecca Brown. Editora DANPREWAN. Janeiro 1998. 440 p. ISBN-10: ‎ 9788585685089. ISBN-13: ‎ 978-8585685089. Rio de Janeiro — Brasil. Compre na Amazon 

Texto bíblico consultado em: BíbliaOn. https://www.bibliaon.com/