A discussão sobre Deus, como apresentado pela Bíblia Sagrada, continua. A trindade ou a unicidade?
A CGADB divulgou um Manifesto contra o Unicismo, e enviei-lhes uma carta aberta, questionando seu posicionamento. Depois da Reforma Protestante, como está o Sola Scriptura? e Solus Christus?
A Reforma tem cinco pilares, os cinco “solas” (somente): Sola Scriptura (Somente a Bíblia e toda a Bíblia); Solus Christus (Somente Cristo); Sola Gratia (Somente a Graça); Sola Fide (Somente a Fé); Soli Deo Gloria (Somente a Deus Glória). E o lema da Reforma é “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est”, ou seja, “Igreja reformada, sempre se reformando”(CRUCAMPUS).
A discussão não fecha, mas, e se nós pararmos para observar "por fora", como ouvintes, com a Bíblia Sagrada em mãos, comparando cada texto dentro de seu contexto, como os cristãos de Bereia, para ver se as coisas são mesmo assim (Atos 17.11)? É a doutrina unicista uma heresia? Continue lendo, para compreender.
Segue o conteúdo enviado por e-mail à CGADB:
Prezados, a paz do Senhor Jesus seja convosco.
O motivo desta missiva é questionar o “MANIFESTO CGADB (CONVENÇÃO GERAL DOS MINISTROS DAS IGREJAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL) SOBRE O UNICISMO”, publicado no site CPAD News, especialmente no tocante ao ministério Voz da Verdade.
No segundo trimestre de 1997 as Lições Bíblicas CPAD jovens e adultos, com ampla circulação nacional, traziam como tema de capa: “Seitas e Heresias”, apontando o conjunto Voz da Verdade, com um ministério de mesmo nome, como seita, por negar a trindade.
Minhas pesquisas foram além, ao pedir mais informações à CPAD, recebendo-as em um anexo de carta redigido pelo ICP. Pedi informações também ao ministério Voz da Verdade, recebendo como resposta, um CD do pastor Carlos A. Moyses intitulado: “O mistério de Deus: Cristo”.
Inicialmente fiquei decepcionado com o ministério Voz da Verdade, pois cresci aprendendo sobre a trindade, acreditando ser este ensino inquestionável. Estudei mais a fundo sobre a trindade, para escrever uma carta ao pastor Carlos, visando convencê-lo do ensino trinitário de Deus. O resultado da minha pesquisa bíblica diferiu, lembrando que não são suposições, e sim, pesquisa séria, como apresento a seguir. Para não perder o foco, uma vez que o assunto é amplo, quero utilizar o texto do manifesto como base. Assim como o manifesto foi publicado, publicarei também esse questionamento em meu blog IGREJA E TEOLOGIA INFO — ITIN, no endereço: https://www.samuelmafra.info/
1. SOBRE A TRINDADE
Os senhores afirmam que “A Trindade é uma doutrina com sólidos fundamentos bíblicos e, mesmo sem conhecer essa terminologia, os cristãos do período apostólico reconheciam essa verdade”. Será?
Nem os próprios trinitários sustentam o ensino da trindade, tendo opiniões divididas:
Incontestável no Antigo e Novo Testamentos
A Trindade está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento (Gênesis 1.26; 3.22; Isaías 6.8) […] Apesar de o termo não se encontrar nas Sagradas Escrituras, as evidências que atestam a doutrina são, tanto no Antigo, como no Novo Testamento, incontestáveis (ESCOLA EBD).
Não compreendida no Antigo Testamento
Quando são usados pronomes no plural — “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” —, isto indica a pluralidade de pessoas (um plural de número), ou o conceito de excelência, ou majestade que pode ser indicado desta maneira em hebraico? Deus poderia estar falando com os anjos, a Terra, ou a natureza, referindo-se a si mesmo em relação a algum deles? Ou esta é uma indicação germinal de uma distinção de pessoas na Divindade? Não se sabe, ao certo. Até a vinda de Jesus, a unidade essencial (interna) da Divindade não era compreendida (BEPC, p. 5 e 6, nota de Gênesis 1.26,27).
Não formulado e nem resolvido
O problema quanto à existência de três em um só não está formulado no NT e muito menos resolvido (Dicionário Bíblico Universal, p.598–600, Trindade). Se esse conceito não está formulado na Bíblia e nem resolvido, não deve ser aceito como resposta final aos cristãos.
Assim diz o vosso manifesto: “Essa doutrina [da Trindade] está implícita no Antigo Testamento, pois há declarações que indicam claramente a pluralidade na unidade de Deus: 'No princípio, criou Deus o céu e a terra' (Gênesis 1.1). O nome que aparece nessa passagem para 'Deus' é ’ĕlōhîm”. Sendo mestres, vocês sabem muito bem que o termo ’ĕlōhîm é genérico, podendo indicar também os deuses pagãos. Para se identificar ao seu povo, o verdadeiro Deus sempre se distinguiu dos demais deuses por meio do Tetragrama YHWH. O nome ’ĕlōhîm, quando aplicado ao único e verdadeiro Deus, é o plural de excelência ou majestático e não um plural de número, como veremos em vossa própria declaração adiante.
Vosso manifesto sustenta que “A palavra ’eloah ‘Deus’ e seu plural ’elohim, é aparentemente uma forma expandida de ’El. Esse plural é conhecido como pluralis excellentiae ou maiestatis [plural de excelência, ou majestático]”. E vocês mestres da trindade, sabem que o plural de excelência, o pluralis excellentiae ou plural majestático é uma forma de expressão em que um falante se refere a si mesmo no plural, em vez do singular, como uma maneira de indicar autoridade, superioridade. Por que consideram a doutrina unicista como uma heresia? Apenas por esta doutrina reconhecer que o plural referente a Deus é majestático, e jamais um plural de número, como ensinado pela trindade?
Assim diz o vosso manifesto: A Bíblia que ensina haver um só Deus, e que Deus é um só, ensina também que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus.
Que há um só Deus os unicistas reconhecem. Os trinitarianos também reconhecem. Até mesmo os demônios creem — e tremem! (Tiago 2.19).
O Pai é Deus: um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos (Efésios 4.6).
O Filho é Deus. Por que o Filho é Deus? Porque o Verbo, que era Deus se fez carne (João 1.1,14), se fez filho, se fez servo, se fez sacrifício. Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9). O Deus único e eterno entrou no tempo e esse aspecto muitos ainda não compreendem. Não foi o Filho que encarnou, como prega a trindade, mas Deus se esvaziou e se fez filho. Embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! (Filipenses 2.6-8). A encarnação do Verbo ocorreu no tempo e espaço, não como um teatro, mas para cumprir o propósito da redenção. O homem Adão pecou, e em Adão, todos pecaram. A justiça de Deus precisava manifestar-se sobre o pecado. O pecado do homem deveria ser punido, mas um homem qualquer não satisfaria essa justiça por estar morto em seus pecados. Deus então, fez-se homem, e sobre o homem Jesus foi satisfeita a justiça de Deus para a salvação de todo o que crer.
O Espírito Santo é Deus. Deus é Espírito (João 4.24) e o Senhor é o Espírito (2 Coríntios 3.17).
Porque o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, os trinitários creem haver três Pessoas em um Deus, mas este respaldo é apenas da tradição dos ditos pais da igreja (creio que a igreja tem apenas um pai, que disse: edificarei a minha igreja. Conf. Mateus 16.18). O que para os trinitários é três Pessoas em um Deus, para os unicistas consiste em três manifestações, duas naturezas, um só Deus. Está errada essa crença? Biblicamente, não.
Vosso manifesto diz que “o nome 'Deus'… Aparece, na maioria das vezes, com referência à Trindade (Deuteronômio 6.4)” Vejamos:
Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor (Deuteronômio 6.4). Aqui, mais uma vez, não está escrito: três Pessoas distintas, trindade. Conforme a nota de Champlin para este versículo, é o único SENHOR: Lit. Javé é único ou Javé é uno. O primeiro sentido destaca o fato de ele ser o único Deus de Israel e, portanto, requer do seu povo dedicação e amor exclusivos. O segundo sentido sublinha a unidade de Deus: ele não está interiormente dividido, mas é sempre um e o mesmo, tanto no seu ser como no seu agir (NEPE).
Segundo o vosso manifesto, “A Trindade é a união de três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em uma só Divindade, sendo iguais, eternas, da mesma substância, embora distintas, sendo Deus cada uma dessas Pessoas (Mateus 28.19; 1 Coríntios 12.4-6; 2 Coríntios 13.13; Efésios 4.4-6; 1 Pedro 1.2)”. Quero utilizar os textos bíblicos dos quais os senhores fizeram uso:
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28.19). Aqui há indicação de três Pessoas eternas e distintas? Ou faz antes, menção ao “nome pelo qual devemos ser batizados”? Qual é o nome? Continuando no versículo 20: ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos. Eu lhes ordenei… E eu estarei sempre com vocês! Eu, quem? Jesus!
Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos (1 Coríntios 12.4-6). Aqui há indicação de três Pessoas eternas e distintas? Ou é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos? Deixemos a Bíblia falar!
Os senhores citaram 2 Coríntios 13.13, mas pelo contexto, entendo que gostariam de citar o versículo 14. Segue os dois versículos:
Todos os santos lhes enviam saudações. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês (2 Coríntios 13.13,14). Aqui há indicação de três Pessoas eternas e distintas? A graça ficou com uma Pessoa, o amor com outra e a comunhão com a terceira Pessoa? E se pela Bíblia, em termos simples, a graça e o amor mudarem de “Pessoa” como no ensino da trindade?
Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo (1 Coríntios 15.10).
Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram (2 Coríntios 5.14).
Não estou tentando complicar as coisas, mas mostrar que um texto isolado não pode responder pelo todo. A saudação paulina, portanto, não traz a indicação de três Pessoas na divindade.
Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos (Efésios 4.4-6). Deus é Espírito (João 4.24) e o Senhor é o Espírito (2 Coríntios 3.17). Um só Espírito, que é Deus, o nosso Senhor. Aqui também não há indicação de três Pessoas na divindade. Coisas espirituais são comparadas com coisas espirituais. A Bíblia explica-se, sem se contradizer.
Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas (1 Pedro 1.2). Sobre a eleição Jesus disse: Eu vos escolhi a vós (João 15.16) e a presciência, Pedro reconheceu em Jesus: Senhor, tu sabes tudo (João 21.17). Judas afirmou que os chamados são santificados em Deus Pai (Judas 1.1). Cada texto apresentado não se contradiz, mas elimina a “distinção de Pessoas na divindade” pregada pelo ensino da trindade.
A realidade mostra que a discussão sobre a existência da trindade em Deus é um tema complexo e controverso na teologia. A trindade refere-se à crença de que Deus é um único ser divino que existe em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. No entanto, a compreensão precisa e definitiva dessa doutrina tem sido objeto de debate entre os teólogos ao longo dos séculos, sendo sua aceitação e reconhecimento mais por tradição e herança religiosa, que por definição bíblica. Diante dessa questão, é razoável reconhecer esse conceito não formulado e não resolvido como resposta final? Isso é no mínimo tendencioso, trazendo o risco de perpetuar equívocos e negligenciar a oportunidade de crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo (2 Pedro 3.18).
2. SOBRE O UNICISMO
Vosso manifesto diz que “o unicismo é uma divisão das Assembleias de Deus nos Estados Unidos e cuja doutrina é um desvio teológico no que diz respeito à santíssima Trindade e à soteriologia.” Sobre isso, digo: a doutrina unicista desvia-se da trindade, realmente, pois não existem três Pessoas na divindade. Quanto à soteriologia, porém, os senhores se enganaram, e quem acreditar nessa afirmação estará enganado, pois a doutrina unicista preza pelo sacrifício de Jesus na cruz, como genuinamente homem, sabendo, que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Coríntios 15.3,4).
Vosso manifesto diz que “Em 263, Dionísio de Alexandria, enfrentou o próprio Sabélio derrotando o sabelianismo. Depois disso, o Cristianismo passou a repudiar o sabelianismo, e o combate a essa heresia continuou até que ela desaparecesse completamente da história.” Por sabelianismo, entenda-se: doutrina da unicidade de Deus. O bispo Sabélio foi rejeitado na comunidade cristã por sua convicção bíblica. Não significa que ele estivesse necessariamente errado, assim como o diácono Estêvão, apedrejado durante um sermão, mas estava convicto da verdade, morrendo como herói da fé (Atos 6.8-7.60).
Vosso manifesto diz que “os unicistas afirmam que “Deus é Jesus”, diferente de “Jesus é Deus”. Isso não é um mero jogo de palavras. Embora defendam a deidade absoluta do Filho e do Espírito Santo, negam a Trindade”. E eu respondo com uma pergunta: É errado afirmar que Deus é Jesus e que Jesus é Deus? De modo nenhum! Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9). Toda a acusação contra a doutrina unicista consiste nisso? A água não serve? Apenas H2O? A palavra trindade não existe na Bíblia. Quem questiona, duvida e rejeita o que não está na Bíblia, não deve ser considerado herege.
Vosso manifesto diz que “Jesus é o Filho do Pai (2 João 3) e não o próprio Pai”. As duas naturezas de Jesus respondem essa questão. Jesus se manifestou genuinamente humano, sendo genuinamente Deus. Repetindo o que já foi afirmado acima: Jesus foi chamado Filho no tempo e espaço, após sua encarnação. Não foi o Filho que se encarnou, mas o Pai se fez carne (homem). Esse homem foi chamado Filho de Deus. Quando vocês encontrarem algum texto que diz que o Filho se fez carne, mostrem-me, por favor! Em sua humanidade, Jesus foi chamado Filho. Em sua divindade Jesus é o Pai Eterno (Isaías 9.6).
Vosso manifesto traz a seguinte questão: “no batismo de Jesus, são manifestas as três Pessoas distintas da Trindade — o Pai falando do céu, o Filho saindo das águas do Jordão, e o Espírito Santo repousando sobre ele. Como os três podem ser uma só Pessoa?” Essa questão, respondo a seguir: no evento do batismo de Jesus vemos uma manifestação especial de Deus. O Divino valida o humano para a salvação da humanidade. Mas Deus continua sendo um só. O Espírito Santo foi visto no espaço e tempo como sinal a João (João 1.32-34). E o Espírito de Deus continua sendo um só espírito, infinito, onipresente (Salmo 139.7).
Jesus, homem, foi gerado pelo Espírito Santo (Lucas 1.35). Por que a voz do céu não disse “nosso filho”? Simples: porque não há dois Espíritos, mas um só Espírito (Efésios 4.4). Três manifestações, duas naturezas, um só Deus.
Não devemos confundir a visão com a realidade. A visão, por grandiosa que seja, limita-se ao que podemos ver e compreender, atendendo a um propósito específico, sendo a realidade muito além do nosso entendimento.
O texto usado para “provar” a existência da trindade, é o mesmo texto que desautoriza essa possibilidade.
No vosso manifesto está escrito: “nos evangelhos, encontramos com frequência Jesus fazendo menção do seu Pai como outra Pessoa. Jesus disse: “Também na Lei de vocês está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. Eu dou testemunho de mim mesmo, e o Pai, que me enviou, também dá testemunho de mim” (João 8.17, 18). Jesus está falando de duas Pessoas e não de uma. Ele afirmou que veio do Pai e que voltava para o Pai. Mais de 80 vezes Jesus afirmou que não era o Pai. Muitas vezes se dirigia ao Pai em oração (João 17)”. Esse questionamento de vocês, essa luta para distinguir Jesus do Pai é semelhante ao ensino da seita das Testemunhas de Jeová, que fazem de Jesus, um deus menor. Mas para eles vocês respondem como unicistas e faço questão de repetir essa ação:
No contexto de João 8.17,18, Jesus estava sendo acusado pelos fariseus, com base na lei do testemunho. Veja que ele disse “na vossa lei”. Jesus foi acusado como homem e respondeu como homem, nascido sob a lei. Sendo genuinamente homem, precisava do testemunho, e o tinha da parte do divino. Se houvesse distinção de Pessoas na divindade, estaria faltando uma Pessoa aqui, concordam?
E sobre a oração: Possuidor de duas naturezas, 100% homem e 100% Deus, Jesus era genuinamente humano, pois orava para nos dar exemplo, pois a oração foi instituída para todos e Jesus naquele momento agia como homem. Aquele que orou como homem, declarou em João 14.13,14 ser o mesmo que ouve as orações: SE ME PEDIRDES ALGUMA COISA EM MEU NOME, EU (JESUS) O FAREI. Aquele que orava como homem, responde como Deus. A dualidade de sua natureza explica sempre todas as dificuldades (Voz da Verdade).
Qualquer “defesa apologética” que se levante contra a doutrina unicista é alarme falso. Por quê?
1. Porque a doutrina unicista crê na manifestação de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo.
2. A doutrina unicista crê na divindade de Jesus.
3. A doutrina unicista crê que o Espírito Santo é Deus.
Por que a doutrina unicista não crê na trindade?
Eis os motivos:
1. Deus se manifestou de múltiplas formas, continuando a ser um em essência, um ser absoluto.
2. Jesus é Deus. Existe apenas um Deus verdadeiro, então, Jesus é o único Deus. Essa é a doutrina unicista. Quem crê na divindade de Jesus, não deve ser considerado herege.
3. Deus é Espírito, e é único, então o Espírito de Deus não é outra Pessoa, Pessoa distinta e nem terceira Pessoa. O Espírito Santo é conhecido na Bíblia também como: Espírito de Deus (1 Coríntios 3.16), Espírito de Cristo (Romanos 8.9), Espírito do Filho (Gálatas 4.6), sendo inquestionavelmente único e onipresente (Salmo 139.7).
3. EVITANDO HERESIAS DESTRUIDORAS EM NOSSAS MÚSICAS
Dou início a esse tópico, questionando o título desenvolvido. Digam-me, quando alguém teve sua vida destruída por ouvir canções dos ministérios unicistas?
Vosso manifesto afirma que “a Declaração de Fé das Assembleias de Deus condena o unicismo e outras doutrinas contrárias à Trindade no Capítulo III.2.”. Ao que respondo: Sim, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus e não a Bíblia. A doutrina unicista, sendo bíblica não é condenada pela Bíblia.
Os senhores escreveram que “A música mexe com os sentimentos e emoções dos seres humanos, e suas mensagens são pouco percebidas nas suas letras e canções.” Essa afirmação foi acidental, ou proposital? Como ensaiamos uma canção até poder cantá-la, e não conhecemos a mensagem? Somos tão simples assim? (para não dizer tolos?).
Diz o vosso manifesto que “uma das sutilezas desses movimentos, não só unicistas, mas com costumes totalmente contrários aos nossos princípios, é conquistar o nosso público, e depois atrair o nosso povo para aderirem ao que seus líderes defendem e ensinam”. Preciso vos dizer que o “nosso público” e “nosso povo” referido por vocês, são um só povo, o povo que vai morar no céu, que ora, lê a Bíblia e tem discernimento. Certamente os senhores pensam que a multidão que adentra vossos templos, não sabe discernir o que é presença de Deus ou não.
Quero citar aqui o mesmo texto bíblico apontado em vosso manifesto, com a correta interpretação. O apóstolo João nos alertou, dizendo: “Tenham cuidado para que não percam aquilo que temos realizado com esforço, mas recebam plena recompensa. Todo aquele que vai além da doutrina de Cristo (a defesa é da doutrina de Cristo e não da trindade) e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina (mais uma vez, a doutrina de Cristo), esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém for até vocês e não levar esta doutrina (de Cristo), não o recebam em casa, nem lhe deem as boas-vindas. Porque aquele que lhe dá boas-vindas se faz cúmplice das suas obras más” (2 João 8-11). Notem que aquele que não permanece na doutrina, não tem Deus. E o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Ter o Pai e o Filho é o mesmo que ter Deus, o qual é um só Espírito. A doutrina unicista não nega o Pai e o Filho.
Assim diz o vosso manifesto: “Por fim, ressaltando a importância da doutrina de Deus, lembrando as palavras do Senhor Jesus que diante da gravidade do assunto disse: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Pergunto: a gravidade de qual assunto? O contexto aqui é de oração. Jesus orou por seus discípulos. Jesus disse: “e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Jesus falando de Jesus, como se estivesse falando de outra pessoa? Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13.8). As palavras de Jesus lembram o evento com Moisés, quando o Senhor lhe disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do Senhor diante de ti (Êxodo 33.19 ACF). O Senhor falou de outra pessoa, ou dele mesmo?
Sobre o alerta paulino as igrejas contra o “outro Jesus”, diferente daquele pregado pelos apóstolos (2 Coríntios 11.4), o contexto não condena a doutrina unicista e nem defende a doutrina da trindade, mas aplica-se aos judaizantes, que apartaram a muitos da simplicidade que há em Cristo (v.3). A doutrina unicista não nega a Cristo.
Aconselho aos líderes e demais representantes das Assembleias de Deus no Brasil a abraçar o ministério Voz da Verdade e agradecerem a grande colheita evangelística em nosso país, dos quais, grande maioria está nas Assembleias de Deus, cantando: “sou um milagre, estou aqui”, “por toda a minha vida, oh, Senhor te louvarei”. Se os senhores oferecerem resistência, Deus levantará sucessores que apoiem o abençoado ministério.
E digo: nenhuma liderança, por maior que seja, conseguirá apagar a linda história escrita pelo ministério Voz da Verdade por decidirem estar com Jesus, nosso Deus, o vencedor.
Mesmo sendo apenas um na multidão, tenho certeza de que os irmãos que sempre cantaram as belas canções do Pr. Carlos continuarão a cantar. E a doutrina unicista será divulgada e crescerá ainda mais. O manifesto recém-elaborado servirá para divulgar mais ainda a doutrina unicista.
CONCLUSÃO
Os irmãos unicistas devem ser abraçados, por pregarem o verdadeiro e puro evangelho.
O princípio de cautela e ceticismo tem sido aplicado a vários campos do conhecimento, como a filosofia, a ética e a religião, questionando, por exemplo, sobre a natureza da consciência, o livre-arbítrio ou a existência de Deus. Nesse sentido, nossas armas devem ser utilizadas para derrubar as fortalezas da incredulidade, dos poderes das trevas e não contra nossos irmãos, adoradores do Senhor Jesus Cristo.
Aconselho aos senhores ministros do evangelho, que peçam perdão aos nossos irmãos do ministério Voz da Verdade, pela menção desonrosa aos pregadores do evangelho que tanto contribuem para o crescimento espiritual do povo brasileiro. Os testemunhos aos milhares falam por eles.
A doutrina unicista cresceu e entrou em diversas denominações, para ficar. É impossível expulsar essa doutrina em Nome de Jesus, razão maior da existência desse maravilhoso ensino, glorificando ao nosso Senhor e salvador como ele merece.
A perseguição ao ministério Voz da Verdade não prevalecerá, como não prevaleceu em 1997.
Primeiro, porque os perseguidores não são o caminho para o céu. Somos salvos por Jesus, e o nosso padrão é a Bíblia e não um estatuto ministerial.
Em segundo lugar, os perseguidores não conseguem entrar em cada casa, decidindo os hinos que cada irmão deve ouvir, ou não.
O crescimento da doutrina unicista é a prova de que muitos passaram a ter mais intimidade com a sua Bíblia, mais tempo de leitura e compreensão da verdade.
Mais uma vez a doutrina unicista leva vantagem. Os que a combatem estão virando a chave para que mais pessoas estudem a Bíblia e descubram a verdade. De 1997 aos nossos dias, houve aumento. A partir de agora, aumentará mais.
Agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação (1 Coríntios 1.21). Sim, parece loucura o Deus Todo Poderoso se importar com o homem mortal. Parece loucura Deus se esvaziar, tornando-se semelhante aos filhos dos homens e se entregar em sacrifício por nossa redenção.
Jesus disse: Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim (João 12.3). O objetivo do evangelho é levar todos ao Senhor Jesus Cristo. E a doutrina unicista cumpre muito bem esse papel.
Os senhores devem ter estudado o suficiente para entender que a salvação é um dom gratuito de Deus para todo o que crê em Jesus Cristo, seja o crente um calvinista, pelagiano ou arminiano, seja batista, metodista ou assembleiano, seja unicista ou trinitariano.
Os senhores são arminianos, mas se receberem convite de um amigo ou familiar calvinista, não visitarão a denominação presbiteriana?
A proposta do vosso manifesto, caso fosse aceita literalmente, poderia causar transtornos familiares, pois meu pai é trinitariano, bem como minha sogra, cunhada, concunhado, e estamos sempre juntos. Não sejam conhecidos como agitadores do povo, mas, como pregadores do evangelho.
A mensagem bíblica aos senhores é a seguinte: aquietai-vos (parem de litigar, cessem a guerra, soltem-se) e sabei que sou Deus. Sou exaltado entre as nações. Sou exaltado sobre a terra (Salmo 46.10). [fim da mensagem por e-mail].
No meu entendimento bíblico, a doutrina unicista não é uma heresia. Não se trata do que eu achava ou deixe de achar, e sim, do que está na Bíblia Sagrada.
Deus vos abençoe!
REFERÊNCIAS
BEPC. Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico e Grego. 4. ed. rev. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. 2496 p. v. 1. ISBN 978-85-263-0677-4. CPAD (Brasil, Rio de Janeiro).
BÍBLIA ONLINE. https://www.bibliaonline.com.br/acf+nvi
CPAD NEWS. https://www.cpadnews.com.br/cgadb-divulga-manifesto-contra-o-unicismo/ Acesso 16/05/2023.
CRUCAMPUS. https://crucampus.org.br/os-cinco-solas-e-o-legado-da-reforma-protestante/ Acesso 01/06/2023.
ESCOLA EDB. https://escola-ebd.com.br/licao-3-a-santissima-trindade-um-so-deus-em-tres-pessoas/ Acesso em 24 de maio de 2023.
DICIONÁRIO BÍBLICO UNIVERSAL. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Vida, 2007. Título original: The Universal Bible Dictionary. 620 p. ISBN 978-85-7367-986-1.
NEPE SEARCH. https://search.nepebrasil.org/interlinear/?chapter=6&livro=5&verse=4
VOZ DA VERDADE. <http://www.vozdaverdade.com.br/estudos/estudodivindade.html> Acesso em 30/05/2023.
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