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Como Manter a Paz de Consciência em Meio a Polêmicas Teológicas


A difícil decisão entre permanecer na tradição religiosa e aprender o que está realmente escrito na palavra de Deus

Polêmicas teológicas são uma realidade constante na comunidade cristã. É bastante comum encontrar irmãos e irmãs em Cristo com opiniões divergentes sobre doutrinas e interpretações bíblicas. Infelizmente, essas diferenças muitas vezes resultam em conflitos e desentendimentos, podendo levar à divisão e prejudicar as relações interpessoais de forma irreparável.
Dessa forma, torna-se fundamental encontrar maneiras de manter a paz de consciência diante de tais polêmicas. Neste artigo, buscaremos respostas sólidas na Bíblia Sagrada para lidar com essas situações delicadas.
Nasci em um lar evangélico, na tradição assembleiana, e cresci aprendendo sobre a doutrina da trindade, que afirma a existência de três pessoas em um único Deus. A juventude da igreja, os adolescentes e o grupo de senhoras, cantavam hinos como “Sangue Cor Púrpura,” “Quarta Dimensão (Eis que vejo os céus abertos)” e “A Hora do Salvador,” que eram de autoria do conjunto musical Voz da Verdade. Eu ouvia esses hinos e pensava que eles pertenciam à igreja Batista, pois cantavam de forma tão bela e usavam joias. Os assembleianos, até os anos 90, eram ensinados a não usar brincos, colares e batom.
Em meados de 1997, quando eu tinha 12 anos, ouvi meu pai comentar que a revista de Escola Dominical da CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus) considerava o ministério Voz da Verdade uma seita, ou seja, uma religião falsa, pois não acreditava na doutrina da trindade. Foi então que descobri que o conjunto Voz da Verdade fazia parte de um ministério independente.

A partir daquele momento, comecei uma luta pessoal para compreender o significado dessa “bomba” religiosa. Seria possível que meus amados irmãos e cantores abençoados fossem parte de uma seita?

Enviei cartas tanto para o conjunto Voz da Verdade quanto para a CPAD, pedindo informações. Recebi a resposta da CPAD com um estudo do ICP (Instituto Cristão de Pesquisas) anexado, que apontava o conjunto Voz da Verdade como uma seita e apresentava os argumentos. Também recebi um CD do Pastor Carlos Alberto Moyses, que continha um estudo sobre a doutrina unicista intitulado “O MISTÉRIO DE DEUS: CRISTO,” abordando os seguintes tópicos: O que Deus diz de si mesmo; Quem é Jesus; e, O batismo nas águas. Esses tópicos eram precedidos por três músicas: “Imagem de Deus,” “Tu Me Amas?” e “Deus Conosco.” Li todo o material apostilado e também ouvi o CD diversas vezes. Todo esse conteúdo também foi compartilhado com minha família e irmãos mais próximos da igreja.

Voz da Verdade virou notícia. Essa notícia sempre se renovará, por ser prazeroso entender o que está escrito na palavra de Deus, e compartilhar com os irmãos. 
Devido ao conteúdo da revista de escola dominical e outras revistas e apostilas, foi gravado o CD, de modo que os que apontaram o conjunto Voz da Verdade como seita, o divulgaram mais. A partir daí, muitos, como eu, ficaram primeiramente decepcionados, procurando conhecer o que prega a doutrina unicista. Após o conhecimento, seguiu-se a aceitação e o crescimento dos ministérios unicistas. Isso é uma bênção sem arrependimento.

Aconteceu

Um cristão amazonense com idade avançada, durante o culto e disse: irmãos, eu não canto mais os hinos do conjunto Voz da Verdade. Cantarei outro que aprendi: Além do rio azul, as ruas são de ouro e de cristais, ali tudo é vida, ali tudo é paz…
No local de trabalho, perguntei para um colega não crente: você conhece o conjunto Voz da Verdade? Ele disse: não. E perguntei: você conhece a canção o Escudo? (por toda a minha vida, oh, Senhor te louvarei) e ele disse: conheço, e começou a cantar.

Parece que já vi esse filme...

Pastor: irmão, de agora em diante está proibido cantar os hinos do conjunto Voz da Verdade. 
Irmão: tudo bem, pastor. Depois de alguns dias… 
Pastor: Irmão, você está sumido, faz tempo que não te vejo. 
Irmão: estou em outra igreja, pastor. Lá é permitido cantar os hinos do conjunto Voz da Verdade. 
Pastor: irmão, eu liberei novamente a execução dessas belas canções. 
Irmão: Obrigado, pastor, mas não voltarei mais. Estou muito bem na outra congregação. 
Essa história é real. Ouvi em janeiro de 2006, na excursão para São Paulo para o show do conjunto Voz da Verdade.

Tentar combater a doutrina unicista parece uma sátira

Irmãos, proibiremos as canções unicistas em nossas igrejas, e o motivo é grave: historicamente bebemos H₂O, e agora chegam eles dizendo que bebem água. Fora, água! Permaneceremos com o H₂O.

Ortodoxia ou Bíblia?

Existe diferença entre o cristianismo histórico (ortodoxo) e o cristianismo bíblico. 
O cristianismo bíblico é o bom depósito da fé (2 Timóteo 1.14). É o bom combate (2 Timóteo 4.7), da simplicidade que há em Cristo (2 Coríntios 11.3) e a loucura da pregação (1 Coríntios 1.21,23), afinal, parece loucura o Deus Todo-Poderoso se importar com o homem mortal a ponto de fazer-se homem, e homem de dores, para conduzir muitos filhos à glória.
O cristianismo histórico apresenta-nos o que muitos líderes incluíram na mensagem do evangelho e fizeram a igreja em sua quase totalidade receber as mudanças sem questionar, punindo os “hereges” na fogueira. Se o cristianismo histórico estivesse nos trilhos, a Reforma não seria necessária. Mesmo após a Reforma, as cicatrizes ficaram. Ainda hoje percebemos tradições persistentes que não foram deixadas por Jesus Cristo e por seus discípulos.
Ao realizar estudos, descobri que o termo “trindade” não é mencionado na Bíblia e sua compreensão requer a interpretação de vários textos sem contexto adequado. Como cheguei a essa conclusão? Em primeiro lugar, acredito que Deus se revela àqueles que o buscam e essa revelação supera todas as tradições. Para aqueles que ainda têm dúvidas, eu sinceramente aconselho a abraçarem a revelação bíblica.

Os debates

Percebi que os debates que costumávamos travar não se limitavam apenas aos unicistas, mas também aos unitaristas, como as Testemunhas de Jeová. Isso me fez repensar completamente minha visão, pois em relação às Testemunhas de Jeová, pude argumentar de forma contundente que Jesus é Deus, citando textos conhecidos, como “Eu e o Pai somos um”(João 10.30) e “Estamos naquele que é verdadeiro, isto é, seu Filho Jesus. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”(1 João 5.20).

Duplo argumento

Também ficou claro para mim que não poderia mais ficar em cima do muro. Ao defender a trindade, eu me via ora argumentando como unicista, ora como as Testemunhas de Jeová. Percebi que os argumentos contra a doutrina unicista são equivocados e tendenciosos, contendo inclusive inverdades. Por exemplo, os defensores da trindade insistem em afirmar que a doutrina unicista nega a existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas isso não é verdade. Da mesma forma, dizem que os unicistas rejeitam o plano de salvação, o que também é uma afirmação infundada.

Autoridade papal

Outra observação que fiz é que os defensores da trindade frequentemente recorrem à autoridade dos chamados “pais da igreja” ou papas, enquanto os unicistas baseiam sua autoridade exclusivamente nas Escrituras e nos ensinamentos apostólicos. É interessante notar a hipocrisia presente nessa abordagem, pois se o Papa Dionísio derrotou o sabelianismo, isso significa que um trinitário expulsou um unicista. Essa afirmação hipócrita se disfarça de autoridade, uma vez que Dionísio, que enfrentou Sabélio, também enfrentaria qualquer mestre da trindade protestante por não reconhecer a presença de Maria na trindade. Podemos questionar se não é hipocrisia representar a autoridade papal no contexto protestante. O que deveria estar em questão, não é quem enfrentou quem, mas, o que a Bíblia diz sobre esse assunto, de que lado está a verdade.

Os testemunhos ecoam

O pastor Fued teria sido salvo de uma vida boêmia pelo Jesus de uma seita?
O pastor Carlos teria recebido a cura de câncer no joelho por parte do Jesus de uma seita? 
A pastora Rita teria se convertido dos ídolos ao Jesus de uma seita?
A Beth foi tirada de um instituto psiquiátrico pelo Jesus de uma seita?
A Lydia recebeu livramento de morte em 2006, pelo Jesus de uma seita?
Se esse Jesus, da seita dos nazarenos é tão bom, não pode ser outro, senão o Jesus bíblico (Atos 24.5).

Primeiro, o amor

Em primeiro lugar, é importante lembrar que somos chamados a amar uns aos outros. Jesus deixou claro que este é o maior mandamento (Mateus 22.37-40). Isso significa que devemos buscar relacionamentos saudáveis com nossos irmãos em Cristo, mesmo quando discordamos deles em algumas questões.

A Bíblia, fonte da verdade

Devemos lembrar que a Bíblia é nossa fonte de autoridade e verdade. Ela é a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo e infalível em tudo o que ensina (2 Timóteo 3.16-17). Portanto, devemos nos esforçar para estudá-la com diligência e interpretá-la corretamente. Se deixarmos a Bíblia falar, teremos paz e serenidade ao responder os questionamentos que porventura surjam.

Discernimento espiritual

Quando nos deparamos com polêmicas teológicas, devemos buscar a orientação do Espírito Santo. Ele é quem nos guia em toda a verdade (João 16.13). Devemos orar e pedir a Deus que nos ajude a entender a Sua vontade e a nos relacionarmos com nossos irmãos em amor e respeito. 

Diálogo sadio

Também é importante lembrar que devemos estar abertos ao diálogo. Devemos estar dispostos a ouvir os argumentos e as perspectivas dos nossos irmãos em Cristo, mesmo que não concordemos com eles. Isso não significa que devemos abdicar da verdade, mas procurar entender e solucionar conflitos civilizadamente. Tiago assim exorta-nos: meus amados irmãos, tenham isto em mente: sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus (Tiago 1.19,20).

Tudo para a glória de Deus

O apóstolo Paulo exorta os cristãos de Roma a não julgarem uns aos outros em questões secundárias (Romanos 14.1-23). Ele argumenta que cada um deve estar convencido em sua própria mente e que devemos aceitar aqueles que têm opiniões diferentes das nossas. O importante é que todos façam tudo para a glória de Deus.

A verdade em amor e nosso testemunho

Por fim, devemos lembrar que a nossa postura em relação às polêmicas teológicas pode ter um grande impacto no testemunho que damos ao mundo. Jesus disse que o mundo conhecerá que somos Seus discípulos pelo amor que temos uns pelos outros (João 13.35). Se nos envolvemos em conflitos e divisões, estamos dando um testemunho negativo do evangelho.
Nos próximos dias, compartilharei a doutrina unicista, não para tentar mudar a cabeça de alguém, mas para tirar dúvidas de irmãos, que, assim como eu, já acreditaram na trindade. Caso queiram, podem também ler sobre a doutrina unicista no próprio site do Ministério Voz da Verdade no link:  http://www.vozdaverdade.com.br/estudos/estudodivindade.html

Os mestres e os irmãos


Existem diferenças entre os mestres da trindade e os irmãos trinitarianos. Já abordei anteriormente os mestres e suas crenças, mas o que dizer sobre os irmãos trinitarianos?

Os mestres da trindade reconhecem que a doutrina unicista não contém erros. Isso se deve ao fato de que eles utilizam os mesmos argumentos da unicidade de Deus em debates com as Testemunhas de Jeová. No dia do juízo, eles não serão tidos por inocentes.

Por outro lado, os irmãos trinitarianos aceitam essa doutrina como um mistério, não questionando, mas acolhendo a tradição transmitida pelos pais. Eles creem na existência de uma trindade, mas invocam o nome do Senhor Jesus Cristo. Eles curam os enfermos, expulsam demônios em nome de Jesus e convidam seus ouvintes a aceitar Jesus como único e suficiente salvador. Na verdade, o termo “trindade” não tem utilidade nem mesmo entre os irmãos trinitarianos.

Ao final do debate, devemos lembrar que o Senhor que nos resgatou é o mesmo: Jesus Cristo.

No céu, encontraremos uma multidão composta por trinitarianos e unicistas, arminianos e calvinistas, assembleianos, presbiterianos, metodistas, batistas, todos eles lavados no sangue do Cordeiro. Aqueles que semeiam a discórdia não estarão presentes, apenas os pacificadores.

Conclusão

Para manter a paz de consciência em meio às polêmicas teológicas, devemos buscar amar uns aos outros, estudar a Bíblia com diligência, buscar a orientação do Espírito Santo, estar abertos ao diálogo e lembrar que o nosso testemunho é importante. Com essas atitudes, podemos viver em harmonia com nossos irmãos em Cristo.

Deus vos abençoe!
 

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